Desvendando os mitos sobre pneus reformados | ||
Existe muita controvérsia e propaganda enganosa quanto à qualidade e segurança no uso de pneus reformados. Para dirimir esta questão, a revista Pnews considera que ninguém melhor do que o consumidor para se pronunciar. A eficiência e qualidade dos pneus reformados podem não aparecer em anúncio de TV, porém o usuário sabe muito bem o que eles significam. Entrevistamos usuários nos vários setores em que são utilizados pneus reformados sejam eles recapados, recauchutados ou remoldados. | ||
Veículos de passeio | ||
Uma das grandes dúvidas sobre os pneus reformados é saber se eles agüentariam o trânsito pesado. Mais pesado que o trânsito de São Paulo não existe. E é neste ambiente de grande desgaste que Gilmar Rodrigues, de 29 anos e taxista há quatro, testa a eficiência dos pneus reformados. “Eu sempre utilizei pneus reformados e nunca tive problemas com eles”, afirma Rodrigues. “Até lotação já fiz com meu carro e os pneus se comportaram sem nenhum problema”. Quanto à performance e durabilidade, Gilmar Rodrigues afirma: “estou rodando há sete meses com esse último jogo de pneus e ainda tem muita borracha para rodar”, diz o taxista. “Na colocação, alinhei e balanceei os quatro pneus e não tive qualquer problema”. Mas o maior teste que Gilmar Rodrigues fez foi em uma viagem de mais de 600 quilômetros, com o carro com seis pessoas e mais as bagagens. “Os pneus se comportaram bem, não deram nenhum problema e me garantiram uma boa economia na hora que eu fui comprá-los”. O que pesou também na decisão do taxista em comprar os pneus reformados foi a diferença de preços entre eles e os pneus originais. Segundo pesquisa de preço, que ele fez antes de comprar os reformados, o preço médio de um pneu novo para o Vectra, ficou em R$ 260. Ele adquiriu um pneu reformado com a mesma medida e pagou R$ 96. | ||
Transporte de carga | ||
A Braspress, empresa de transporte com matriz em São Paulo, utiliza pneus reformados há mais de 20 anos. Com uma frota de 685 veículos não faz distinção em modelo. Usa os pneus tanto em baús, como em cavalos-mecânicos ou em carretas. “A grande vantagem está no menor custo dos pneus reformados”, garante Walter Rosa, gerente de Frota da empresa. “Não podemos jogar um pneu fora só porque gastou a banda”. Para ter garantia de um serviço bem feito, a Braspress tem um acordo com um reformador de pneus, concessionário de fabricante de borracha para reforma, que se encarrega de ir até a empresa, recolher os pneus gastos, levar para a reforma e trazer de volta em 48 horas. Walter Rosa diz que além do fato de aproveitar uma carcaça que ainda está boa para uso, existe o lado econômico. “Um pneu que utilizamos nos caminhões custa R$ 1.200 quando novo”, afirma o gerente de Frota da Braspress. “O mesmo pneu reformado, custa R$ 300”. Em termos de quilometragem, para essa mesma medida de pneu, os motoristas da empresa conseguem rodar 120 mil quando o pneu é novo e 100 mil quilômetros depois da reforma. A diferença de quilometragem é bem menor do que a diferença de preço, por isso a Braspress utiliza pneus reformados em caminhões e carretas. Para manter a qualidade e segurança, Walter Rosa submete os pneus à apenas duas reformas, pois acima disso, segundo ele, a carcaça começa a perder resistência por ressecamento das laterais. Na dianteira, os pneus são sempre novos. “Por mais garantia que a empresa nos dê, e mesmo nunca tendo um acidente devido ao pneu ser reformado, ainda prefiro utilizar os pneus reformados apenas em rodado duplo”, afirma Walter Rosa. “Se houver algum problema e o pneu estourar, o pneu que está do lado agüenta até o motorista chegar a um local seguro”, pondera o gerente de frota, que em mais de 15 anos de empresa nunca teve nenhum incidente que merecesse nota com relação a pneus reformados. E existe uma outra razão prática para esta atitude: é preciso ter pneus novos para poder ter o reformado. “Utilizamos os pneus novos na dianteira, e quando eles chegam no fim da primeira vida recomendada pelo fabricante, passamos para a reforma e utilizamos nos outros eixos. Depois da segunda reforma, quando ele desgasta novamente, vendemos para uma empresa especializada em dar destinação ambientalmente correta”. | ||
Motocicletas | ||
A economia e a certeza de que o produto é bom são os principais motivos que levam uma boa parte dos motociclistas de São Paulo a utilizarem pneus reformados. “Eu vendo pneus reformados para moto há sete anos e nunca tive problema”, garante Ivan Ribeiro de Souza, proprietário da Ponto Final – Distribuidora de Motopeças. “Em maio do ano passado, houve a proibição do uso desse tipo de pneu e eu me empenhei junto com uma série de pessoas para mostrar que o pneu reformado tem qualidade”. Como parte de suas argumentações a favor do pneu reformado, Ivan Souza equipou todas as motos de uma equipe de wheeling (manobras radicais com motocicletas) e pediu que eles fizessem uma apresentação com manobras ainda mais radicais que as de costume. “Nós filmamos as manobras de vários ângulos, e os motociclistas forçaram ao máximo os pneus e nada aconteceu”, lembra Ivan Souza. “Foi uma prova incontestável da eficiência e segurança dos pneus reformados para motos”. Além disso, a Ponto Final começou a fornecer pneus de motos reformados para moto clubes como “Os Abutres” e até para o próprio governo, que utiliza os pneus nas motocicletas do grupamento Rondas Ostensivas Com Auxílio de Motocicletas (Rocam). A proibição durou pouco e todos puderam voltar a desfrutar da economia que os pneus reformados proporcionam. “Um pneu novo para CG, está custando em torno de R$ 90”, compara Ivan Souza. “O reformado sai por R$ 38, menos da metade do preço e a durabilidade é praticamente igual”. No caso de motocicletas maiores, a diferença também aumenta. Para uma moto Honda CBR 250 Twister um pneu novo custa R$ 230. O pneu remoldado para a mesma moto sai por R$ 90. A qualidade dos pneus reformados tem muito a ver com o equipamento e tecnologia que cada empresa utiliza. “A minha fornecedora possui uma máquina para cada tipo de pneu que será remoldado”, explica o proprietário da Ponto Final. “Isso garante a qualidade pois, não há necessidade de trocar o molde para cada tipo de pneu. Isso ocorre quando a reformadora tem poucas máquinas para muitos tipos de pneus, o que aumenta a possibilidade de problemas”. Por manter esse padrão de qualidade, o fornecedor deixa Ivan de Souza tranqüilo pra continuar vendendo pneus de motos reformados. “Nesses sete anos que vendo pneus reformados, nunca tive reclamação”, garante Souza. “Quem compra um pneu reformado comigo, sempre volta, vira cliente”. Para quem acha que o dono da Ponto Final – Distribuidora de Motopeças está exagerando quando diz que seus clientes sempre voltam, isso é pura verdade. E a prova é Alexandre Antonio da Silva, motoboy há nove anos e cliente da Ponto Final há sete. “Tenho duas motos e as duas são equipadas com pneus reformados que eu compro na Ponto Final”, diz Silva. Ele confirma o principal motivo de usar pneus reformados: preço. “Um pneu original para minha moto custa R$ 55 ao passo de que o mesmo pneu reformado sai por R$ 34”, diz o motoboy. Com relação à quilometragem do pneu original e do reformado uma constatação interessante. “Não tenho dados concretos e precisos”, explica Alexandre Silva. “Mas pelo que tenho notado, um pneu reformado agüenta maior quilometragem que o novo”. | ||
Fora-de-estrada | ||
Um trabalho extremamente severo é o de mineração. O piso e o peso castigam qualquer pneu. Mesmo assim, a Rio Verde Mineração, da cidade de Nova Lima (MG), utiliza pneus reformados há 39 anos. “Utilizas pneus reformados em todos os veículos da empresa”, afirma Vicente Carvalho Jardim, chefe de manutenção da empresa. “Com o pneu reformado tenho um custo/hora mais baixo”. Segundo ele, no sistema que utiliza a autoclave, é possível colocar a quantidade de borracha que o cliente deseja. O maior pneu utilizado na mineração é o que possui 28 lonas. Segundo ele, pneus com 22 lonas não agüentam o trabalho, o talão não resiste o tipo de serviço com essa máquina e não dá reforma. “Por isso compro um pneu de 28 lonas. Quando ele alisa, coloco a recauchutagem em cima e ele reformado acaba dando o dobro da quilometragem do original”, compara Vicente Jardim. Este tipo de pneu é utilizado em carregadeiras Caterpillar 980G, para 30 toneladas. Na mineradora também trabalham caminhões Randon, para 25 toneladas de carga nos quais são utilizados pneus reformados. Nos pneus dos caminhões Randon 425 a reforma é com menos borracha do que nas carregadeiras Caterpillar 980G. “Isso porque os pneus dos caminhões vêm com 45 mm de borracha e na reforma coloco 33 mm”, explica Vicente Jardim. “No pneu para a 980G ele vem com 34 mm e a gente reforma com 55 mm. O preço da reforma é 35% a 40% do valor novo e a durabilidade é igual”. Com relação a problemas, Vicente Jardim afirma que já teve problemas tanto com pneus reformados como com pneus novos. “A pessoa está com um caixa meio baixo, não está em condições de comprar pneus novos e compra um usado”, explica Jardim. “O problema é que se não houver um controle da qualidade dos produtos, da carcaça, pode ocorrer problemas”, alerta ele. “Tem carcaça que eu recuso para reforma e algumas empresas compram para reformar e vender. O caminhoneiro não sabe como estava a carcaça, compra o pneu reformado e pode acabar tendo problemas”, finaliza. |
segunda-feira, 12 de março de 2012
DESVANDANDO OS MITOS SOBRE OS PNÊUS REMOLDADOS EM CARROS E EM MOTOS.
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