quinta-feira, 20 de setembro de 2018

PARABÉNS PRA NÓS, 20 DE SETEMBRO DIA DO GAÚCHO.


20 de Setembro é a data máxima para os gaúchos. Neste dia celebram-se os ideais da Revolução Farroupilha, que tinha como objetivo propor melhores condições econômicas ao Rio Grande do Sul.

As Causas
O estado do Rio Grande do Sul vivia basicamente da pecuária extensiva e da produção de charque, que era vendido para outras regiões do País. No início do século XIX, a taxação sobre o charque gaúcho tornava o produto pouco competitivo, e logo o charque proveniente do Uruguai e da Argentina passou a abastecer esta demanda.
Alguns estancieiros, em sua maioria militares, propuseram ao Império Brasileiro novas alíquotas para seu produto, a fim de retomar o mercado perdido para os vizinhos do Prata. A resposta não foi nada satisfatória. Indignados com o descaso da Corte e cansados de ser usados como escudo em várias guerras na região, os gaúchos pegaram em armas contra o Império.
A guerra

Em 20 de Setembro de 1835, tropas lideradas por Bento Gonçalves marcharam para Porto Alegre, tomando a capital gaúcha e dando início à guerra. O governador Fernandes Braga fugiu para a cidade portuária de Rio Grande, que tornou-se a principal base do Império no estado.
Os injustiçados Lanceiros Negros, deram sua vida pela Revolução Farroupilha em troca da liberdade, que não veio.
Em 11 de Setembro de 1836, após alguns sucessos militares, Antônio de Souza Netto proclama a República Rio-Grandense, indicando Bento Gonçalves como presidente. O líder farrapo, no entanto, mal toma posse e, na Batalha da Ilha do Fanfa sofre uma grande derrota e é levado preso para o Rio de Janeiro, e logo em seguida para o Forte do Mar, em Salvador, de onde fugiria espetacularmente. 

A revolução se estendeu por dez anos e teve altos e baixos para os dois lados. Um dos pontos altos foi a tomada de Laguna, em Santa Catarina com a ajuda do italiano Giuseppe Garibaldi, em 1839. Finalmente os farroupilhas tinham um porto de mar. Ali foi fundada a República Juliana (15 de julho de 1839).

Após dez anos de batalhas, com Bento Gonçalves já afastado da liderança e com as tropas já muito desgastadas, os farrapos aceitam negociar a paz.  Em fevereiro do 1845 é então selada a paz em Poncho Verde, conduzida pelo general Luís Alves de Lima e Silva. Muitas das reivindicações dos gaúchos foram atendidas e a paz voltou a reinar no Brasil.


A cultura

A Revolução Farroupilha é o mito fundante da cultura gaúcha. É a partir dela que se estabelece toda a identidade do povo gaúcho, com suas tradições e seus ideais de liberdade e igualdade. Hoje a cultura gaúcha é reverenciada não só no estado, mas no país e no mundo, através dos milhares de CTGs (Centro de Cultura Gaúcha) espalhadas por todos os cantos. E a cada 20 de Setembro, o gaúcho reafirma o orgulho de suas origens e o amor por sua terra.

Hino Rio-Grandense
Letra: Francisco Pinto da Fontoura
Música: Joaquim José de Mendanha
Harmonia: Antônio Corte Real
Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o Vinte de Setembro
O precursor da Liberdade
Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda a terra
Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo
Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda a terra

A HISTÓRIA DO DIA DO GAÚCHO.



Em 2018 é a primeira semana farroupilha, sem Paixão Cortes, falecido mês passado.

Do alto de uma pira de cinco metros brilhava a chama da pátria nacional. Era 7 de setembro em Porto Alegre, Dia da Independência do Brasil, mas também uma data que a partir de então teria duplo significado para os moradores do Rio Grande do Sul. Assim como os movimentos sociais que fazem história no país a cada geração, em 1940 um grupo de oito amigos dava um passo que reviveria tradições esquecidas no cotidiano das crescentes metrópoles. Eles “roubaram” uma centelha da pira para acender pela primeira vez a Chama Crioula.
O movimento tradicional foi criado para ser um movimento. Não é estanque"
Paixão Côrtes, folclorista gaúcho
A história contada em livros espalhados por bibliotecas gaúchas foi ouvida pelo G1 no apartamento do velho guardião da tradição do estado, o homem que inspirou a estátua do Laçador, símbolo do gauchismo. Aos 86 anos, Paixão Côrtes vive em um prédio antigo de uma rua arborizada, em um lar cheio de simbolismos. Nas paredes, quadros com a história do nome da sua família. Nas estantes, troféus recebidos ao longo das décadas. No canto de um sofá, sem passar despercebido, o candeeiro aceso pelo próprio folclorista todos anos, que agora brilha através da energia elétrica.
“Era 7 de setembro e peguei em casa um cabo de vassoura. Quebrei, enrolei um pano na ponta e embebi de querosene. Era de uma rusticidade, de uma simplicidade que tinha de ser. Então cheguei até a solenidade, guardada pela Liga de Defesa Nacional. Subi a pira e lá de cima via-se aquela massa de povo. Solenemente me perfilei, acendi um candeeiro e fiz um sinal, assim, da esquerda para a direita. Foi o momento de maior emoção da minha vida”, lembrou, emocionado, Paixão.
Há algum tempo ele já respondia pelo departamento das tradições gaúchas do colégio Júlio de Castilhos na capital. Com 20 anos, ao lado de alguns amigos, buscava resgatar costumes esquecidos pela sociedade da época. “Houve um tempo em que se esperava exterminar com tudo que era velharia. Era a invasão da música europeia, do cinema, dos discos. Sentimos esse impacto do abandono das raízes e resolvemos reagir como jovens”, contou.

A Semana Farroupilha, segundo ele, era chamada inicialmente de Ronda Crioula. O evento de sete dias, até o 20 de setembro, data do início da Revolução Farroupilha, reunia bailes, concursos de danças e vestimentas, hábitos galponeiros e rodas de chimarrão na programação da escola. A reintegração cultural era o objetivo daquele movimento que mais tarde foi denominado de Movimento das Tradições Gaúchas (MTG). A entidade coordena os Centros de Tradições Gaúchas (CTG) até hoje.
Segundo o folclorista, somado a outros estados e países, o MTG une mais de 8 milhões de pessoas. “O movimento tradicional foi criado para ser um movimento. Não é estanque, parado, fixo.  As correntes que chegam hoje devem se adaptar, elas fixam e reaparecem”, completa.
'O povo é livre', diz Paixão sobre regras 

Entusiasta da ligação entre o passado e o presente, Paixão é também um crítico da sua criatura. Para ele, os Centros de Tradições Gaúchas que atuam somente pelas regras são motivo de “imensa tristeza”.

“O povo é livre e deve expressar o sentimento que vem da alma e do coração. O regionalismo só vai ser grande quando for universal, quando as pessoas se apropriarem das heranças, é o somatório que vai engrandecer. Quando se colocam regras, deixam-se passar as importâncias e não as coisas fúteis”, criticou.
Muitos locais que cultuam as tradições acabam se agarrando às normas, desde as vestimentas até os trejeitos. Apesar de andar pilchado, Paixão defende que não são apenas os simbolismos que caracterizam um gaúcho. “Só vou ser compreendido a partir do momento que compreender quem sou. E eu sou gaúcho o ano inteiro. Os países europeus são grandiosos porque são grandes nas tradições. Eles encontram nas pessoas que reergueram, as respostas. E se inspiram”, compara.
Com a idade avançada, sem perder a vitalidade que faz de Paixão um apaixonado pela história que ele mesmo construiu, o homem conta com as futuras gerações para continuar o legado. “Precisamos, acima de tudo, tomar consciência das nossas origens e depois atualizar os conhecimentos”, finaliza.

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