quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MATÉRIA DO DIÁRIO POPULAR SOBRE A CAÇA DO JAVALI EM HERVAL

s constantes ataques de javalis, também conhecidos como javaporco ou porco bagual, a plantações de milho e criação de cordeiros em propriedades de Herval, registrados desde 1994, se tornaram uma ameaça à propriedade e ajudaram a popularizar as caçadas, hoje tradicionais no município. Há registros de vastas áreas de milharais devastados e mais de 100 cordeiros mortos em propriedades. Muitos caçadores, com experiência superior a dez anos na captura da espécie se tornaram profissionais e percorrem as mais variadas regiões do País, no encalço das manadas.

Na última semana, a partir da iniciativa o Sindicato Rural de Herval e Rotary Clube local, um grupo de amigos, com experiência de 12 anos no esporte, realizou uma caçada na propriedade do presidente do Sindicato, Ildo Salaberry, em Herval, e do produtor Sérgio Fernandes, em Pedras Altas. A caçada, apesar de frustrada, pois não foi abatido nenhum animal, se tornou uma oportunidade para divulgar o esporte e serviu para reunir mais uma vez o grupo de amigos. 

Mas nem sempre é assim. O grupo formado por Conrado Cassurriaga da Silva, Avelino Kaser, Gilberto Farias, Ednaldo Sais e Fernando Caetano, conta que chegaram a abater mais de 30 animais em caçadas anteriores. Pela manhã, eles percorreram mais de 15 quilômetros dentro da propriedade de Salaberry, seguindo os rastros do animal, mas não tiveram sorte e em vez de javalis, encontraram apenas sinais de que o bando andava por perto. “Chegamos bem perto, pois encontramos rastros recentes”, disseram. 

Segundo eles, é bastante comum os caçadores voltarem sem caça, pois além de se esconder muito bem durante o dia, a espécie possui faro e audição muito bons. “Estes animais têm hábitos noturnos, se movimentam e alimentam à noite, capazes de percorrer longas distâncias, até 40 quilômetros para buscar o alimento”. É preciso perseverança. 

Antes de partirem para uma nova tentativa, desta vez em Pedras Altas, eles fizeram uma parada para descansar e se alimentar, na sede da fazenda. Durante o bate-papo, os amigos explicaram que existem duas modalidades de caça. Aquela realizada pelo peão da estância, para defesa e a esportiva, feita por caçadores devidamente habilitados pelo Ibama. 

Além disso, os caçadores são acompanhados de cachorros treinados especificamente para caçar javalis. As matilhas são compostas de oito até 40 cães, imprescindíveis na caça. “Os cachorros se dividem em três tipos, aqueles que têm faro e ajudam a localizar a caça; os de velocidade, que cercam o javali e os mais ferozes, que acuam o animal”.

Abate para controle populacional é normatizado pelo Ibama
O javali europeu (Sus scrofa) não pertence à fauna silvestre nativa do Rio Grande do Sul, por isso é considerada uma espécie exótica invasora, nociva às demais espécies, ao ambiente, à agricultura e à pecuária. Com base nisso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autoriza o controle populacional da espécie, através da captura e do abate em todo o Estado.

A determinação, por tempo indeterminado, está prevista na Instrução Normativa número 50, de 4 de agosto de 2005, que também estabelece as regras de captura e abate do animal. O procedimento só pode ser realizado por pessoas ou equipes lideradas por caçadores instruídos e credenciados pelo Ibama e proibidos em propriedades particulares sem a autorização dos proprietários. O abate deve ser executado unicamente por meios físicos, sendo vedado o uso de venenos. Os animais não podem ser transportados vivos e a sua carne e subprodutos proibidos de comercialização. 

Histórico
O javali (Sus scrofa) tornou-se problema à agricultura, pecuária, rebanhos domésticos e vegetação nativa do Estado. Introduzidos no Brasil no início da década de 90 como alternativa econômica, muitos javalis criados em cativeiro foram soltos e outros conseguiram escapar. Hoje grupos de javalis são encontrados em 25 municípios gaúchos, Aceguá, Arroio Grande, Arroio dos Ratos, Bagé, Bom Jesus, Cambará do Sul, Candiota, Caxias do Sul, Cerrito, Fagundes Varela, Herval, Hulha Negra, Ipê, Jaguarão, Jaquirana, Muitos Capões, Nova Prata, Pedras Altas, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Piratini, Santa Tereza, São Francisco de Paula, Vacaria e Viamão.

Origem
O javali (Sus scrofa) é um animal de hábitos noturnos, se multiplica duas vezes por ano e cada fêmea tem em média de seis a sete filhotes por parto. Primitivamente, surgiu no norte da África e sudoeste da Ásia e migrou para a Europa, onde se disseminou pelas diversas regiões do continente, se adaptando aos diferentes climas e topografias.


CARACTERÍSTICAS

Possuem estrutura forte e magra, perfil afilado, membros fortes e ágeis e focinho longo. Seu peito e espáduas (ombros) são muito poderosos e o macho adulto concentra cerca de 70% do peso na sua porção anterior. É dotado de dois pares de presas que, nos machos mais velhos, chegam a medir 15 centímetros. O peso médio é de 180 quilos, mas na cruza com o porco doméstico, pode chegar a 250 quilos. A pelagem ao nascer é marrom, de diversos tons e apresenta listras escuras em todo o corpo. À medida em que cresce o pêlo escurece, perde as listras e assume a coloração final.


HÁBITOS

Vive em manadas, lideradas por um macho adulto e com várias fêmeas e suas crias. Alimenta-se basicamente de vegetais e também da carne de pequenos animais.


CRIAÇÃO

Extremamente feroz e perigoso em seu ambiente natural, só ataca quando acuado ou ameaçado. Quando criados em cativeiro tornam-se dóceis e afáveis. Por se tratar de animal exótico, a criação, a comercialização e o consumo estão sujeitos ao controle dos órgãos oficiais de proteção à fauna.



Luciara Schneid

Fonte: Diário Popular 

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