Mas nem sempre é assim. O grupo formado por Conrado Cassurriaga da Silva, Avelino Kaser, Gilberto Farias, Ednaldo Sais e Fernando Caetano, conta que chegaram a abater mais de 30 animais em caçadas anteriores. Pela manhã, eles percorreram mais de 15 quilômetros dentro da propriedade de Salaberry, seguindo os rastros do animal, mas não tiveram sorte e em vez de javalis, encontraram apenas sinais de que o bando andava por perto. “Chegamos bem perto, pois encontramos rastros recentes”, disseram.
Segundo eles, é bastante comum os caçadores voltarem sem caça, pois além de se esconder muito bem durante o dia, a espécie possui faro e audição muito bons. “Estes animais têm hábitos noturnos, se movimentam e alimentam à noite, capazes de percorrer longas distâncias, até 40 quilômetros para buscar o alimento”. É preciso perseverança.
Antes de partirem para uma nova tentativa, desta vez em Pedras Altas, eles fizeram uma parada para descansar e se alimentar, na sede da fazenda. Durante o bate-papo, os amigos explicaram que existem duas modalidades de caça. Aquela realizada pelo peão da estância, para defesa e a esportiva, feita por caçadores devidamente habilitados pelo Ibama.
Além disso, os caçadores são acompanhados de cachorros treinados especificamente para caçar javalis. As matilhas são compostas de oito até 40 cães, imprescindíveis na caça. “Os cachorros se dividem em três tipos, aqueles que têm faro e ajudam a localizar a caça; os de velocidade, que cercam o javali e os mais ferozes, que acuam o animal”.
Abate para controle populacional é normatizado pelo Ibama
O javali europeu (Sus scrofa) não pertence à fauna silvestre nativa do Rio Grande do Sul, por isso é considerada uma espécie exótica invasora, nociva às demais espécies, ao ambiente, à agricultura e à pecuária. Com base nisso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autoriza o controle populacional da espécie, através da captura e do abate em todo o Estado.
A determinação, por tempo indeterminado, está prevista na Instrução Normativa número 50, de 4 de agosto de 2005, que também estabelece as regras de captura e abate do animal. O procedimento só pode ser realizado por pessoas ou equipes lideradas por caçadores instruídos e credenciados pelo Ibama e proibidos em propriedades particulares sem a autorização dos proprietários. O abate deve ser executado unicamente por meios físicos, sendo vedado o uso de venenos. Os animais não podem ser transportados vivos e a sua carne e subprodutos proibidos de comercialização.
Histórico
Origem
O javali (Sus scrofa) é um animal de hábitos noturnos, se multiplica duas vezes por ano e cada fêmea tem em média de seis a sete filhotes por parto. Primitivamente, surgiu no norte da África e sudoeste da Ásia e migrou para a Europa, onde se disseminou pelas diversas regiões do continente, se adaptando aos diferentes climas e topografias.
CARACTERÍSTICAS
HÁBITOS
Vive em manadas, lideradas por um macho adulto e com várias fêmeas e suas crias. Alimenta-se basicamente de vegetais e também da carne de pequenos animais.
CRIAÇÃO
Extremamente feroz e perigoso em seu ambiente natural, só ataca quando acuado ou ameaçado. Quando criados em cativeiro tornam-se dóceis e afáveis. Por se tratar de animal exótico, a criação, a comercialização e o consumo estão sujeitos ao controle dos órgãos oficiais de proteção à fauna.
Luciara Schneid
Fonte: Diário Popular
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