LENÇO COLORADO.
Este trapo vermelho
É de muita estimação
Lo guardo como recordação
Lá da fazenda três passos
Dou de rédeas na lembrança
E como o causo passado
Este lenço colorado
Eu ganhei com um tiro de laço.
Era mês de setembro
Num dia de marcação
Havia um tal boi rabão
O respeito da peonada
Iam largando porteira afora
E o tal boi ia ficando
E a peonada no mais deixando
Pois respeitavam sua fachada.
Então falou o dono da estância
O Coronel João Machado:
- Há um lenço colorado
Pra quem peale o rabão!
Que é este lenço assim escrito
Lembrança da fazenda três passos
Prêmio por um tiro de laço
Num dia de marcação.
Não refugo touro malo
Gritei: -Deixe, no mas, que eu pealo
Sem ao menos pensar
Acomodei os arreios
Armei meu quatorze braça
Quadrei a égua picaça
E disse:- Toca o bicho pra cá.
Apartaram-no na mangueira
E gritaram: lá vai o rabão
Arrancando terrinha do chão
O bichano cruzou
Levantei o quatorze braça
E a largada foi certeira
Lá adiante levantou poeira
E o bichano no chão rolou
Abanando com o chapéu
Toda a peonada falou:
-Viva o pealador
Que ganhou o lenço colorado
Um presente da fazenda três passos
Mostrou que é encorajado.
Todos os peões da estância me cumprementaram
E o lenço colorado
No meu pescoço foi amarrado
Pelo próprio patrão
Hoje me serve de lembrança
Daquele tiro de laço
E da fazenda três passos
Lá no velho rincão.
Este trapo vermelho
É de muita estimação
Lo guardo como recordação
Lá da fazenda três passos
Dou de rédeas na lembrança
E conto o causo passado
Este lenço colorado
Que eu ganhei com um tiro de laço.
Livro: Rancho de Leivas, e outros
Poemas que a vida fez.
Autor: Jilnei Brasil Rodrigues.
Arroio Grande/2011.
Postado por:Paulinho da Mídia.
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