"Aqui na região, estimamos uns 3.000 animais", afirma José Forresti, presidente do Sindicato Rural de Ponte Serrada, um dos municípios limítrofes ao Parque Nacional das Araucárias, no oeste catarinense. "Eles atacam as lavouras à noite. São vorazes, causam uma perda de até uns 20% do milho plantado, um pouco menos no caso da soja."
Forresti não sabe estimar os prejuízos que os animais causam aos associados do sindicato. "Mas um vizinho aqui calculou que vai perder R$ 90 mil. Os javalis destruíram um quinto dos 170 hectares de milho e soja que ele plantou", afirma.
No Brasil desde a década de 1960
"O javali europeu chegou à América do Sul no início do século 20, e ao Brasil na década de 1960. Mas a proliferação começou a partir de meados dos anos 1990, quando surgiram criações destinadas ao comércio de carnes exóticas", diz o biólogo Carlos Salvador.
Ele é autor de uma pesquisa pioneira sobre a presença dos javalis na fauna catarinense –que lhe valeu o título de doutor em ecologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atualmente, coordena a criação do Instituto Javali, sediado em Florianópolis, destinado a manter e aprofundar o trabalho.
"Apenas Santa Catarina (maior produtor de suínos do Brasil) tinha mais de 500 criadores de javalis em 2003. A grande maioria deles era clandestina, pois nunca se regulamentou a criação de animais exóticos para consumo. O resultado disso é que, hoje, temos problemas com javalis asselvajados (ou seja, que deixam criações e se adaptam à vida selvagem) por todo o Sul do Brasil, além de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul", declara Salvador.
Ele é autor de uma pesquisa pioneira sobre a presença dos javalis na fauna catarinense –que lhe valeu o título de doutor em ecologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atualmente, coordena a criação do Instituto Javali, sediado em Florianópolis, destinado a manter e aprofundar o trabalho.
"Apenas Santa Catarina (maior produtor de suínos do Brasil) tinha mais de 500 criadores de javalis em 2003. A grande maioria deles era clandestina, pois nunca se regulamentou a criação de animais exóticos para consumo. O resultado disso é que, hoje, temos problemas com javalis asselvajados (ou seja, que deixam criações e se adaptam à vida selvagem) por todo o Sul do Brasil, além de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul", declara Salvador.
Ibama regulamentou abate nos últimos anos
Em material impresso que editou para informar sobre a nova instrução normativa, o Ibama diz que "atualmente é consenso que boa parte dos animais foi trazida clandestinamente do Uruguai, em caminhões, por pessoas interessadas na sua criação ou para caça".
A captura e abate dos javalis, autorizada pelo Ibama no início do mês, não é medida inédita –uma portaria do próprio instituto, de 1995, autorizava, em caráter experimental, a caça amadora dos animais no Rio Grande do Sul. A regulamentação foi sucessivamente renovada até 2010, quando foi suspensa para que se estudasse uma regulamentação federal.
No mesmo ano, uma portaria da Polícia Ambiental de Santa Catarina definia "como os agricultores poderiam fazer a captura, manejo e abate dos animais", diz o diretor de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura e da Pesca, Roni Barbosa. "Ela exigia que o interessado obtivesse licença, e que as armas de fogo utilizadas deveriam ser registradas", diz.
Além disso, ficava proibido o transporte de animais, vivos ou mortos –devem ser abatidos, consumidos, incinerados ou enterrados no local da captura. As mesmas regras são adotadas, agora, pela medida do Ibama –que exige "relatório semestral de suas atividades de controle de javali" e lembra que as armas devem ser registradas no Exército.
"Estimamos em 40 mil os javalis soltos em Santa Catarina. Com esse número, e a densidade relativamente baixa (mais ou menos um animal) a cada dois quilômetros quadrados, é pouco provável que se consiga erradicar o problema", avalia Salvador.
A captura e abate dos javalis, autorizada pelo Ibama no início do mês, não é medida inédita –uma portaria do próprio instituto, de 1995, autorizava, em caráter experimental, a caça amadora dos animais no Rio Grande do Sul. A regulamentação foi sucessivamente renovada até 2010, quando foi suspensa para que se estudasse uma regulamentação federal.
No mesmo ano, uma portaria da Polícia Ambiental de Santa Catarina definia "como os agricultores poderiam fazer a captura, manejo e abate dos animais", diz o diretor de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura e da Pesca, Roni Barbosa. "Ela exigia que o interessado obtivesse licença, e que as armas de fogo utilizadas deveriam ser registradas", diz.
Além disso, ficava proibido o transporte de animais, vivos ou mortos –devem ser abatidos, consumidos, incinerados ou enterrados no local da captura. As mesmas regras são adotadas, agora, pela medida do Ibama –que exige "relatório semestral de suas atividades de controle de javali" e lembra que as armas devem ser registradas no Exército.
"Estimamos em 40 mil os javalis soltos em Santa Catarina. Com esse número, e a densidade relativamente baixa (mais ou menos um animal) a cada dois quilômetros quadrados, é pouco provável que se consiga erradicar o problema", avalia Salvador.
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