Origens do Herval - Parte
1
Rubens Machado
Herval tem sua mais remota origem na guarda militar
portuguesa estabelecida nos serros do Erval por ordem do Brigadeiro Rafael
Pinto Bandeira, comandante militar e governador interino da Província de São
Pedro do Rio Grande. Isto no ano de 1791, mais precisamente no mês de abril. Tinha
a referida guarda a incumbência de impedir o avanço dos Espanhóis até o Rio
Piratini, tido por estes como o marco divisório entre as possessões das duas
Coroas nesta porção do continente Sul-Americano.
Decorridos 10 anos, quando a guarda foi transferida para
a região da atual Jaguarão já existia no local um arranchamento cujos moradores
eram basicamente ex-militares e suas famílias e habitantes das redondezas que
buscavam a proteção daquele destacamento militar.
Após a saída da guarda, o proprietário das terras onde se
assentava a povoação, Antônio Rodrigues Barcelos, requereu a devolução das mesmas,
quando, então, um grupo de moradores capitaneados por Bonifácio Jose Nunes constituí
uma sociedade que adquire o terreno junto ao dito Barcelos, destinando-o a
manutenção e expansão do povoado. Por este fato, Bonifácio José Nunes é
considerado o fundador do Herval.
Mas, voltando à guarda militar: O estabelecimento de um
acampamento militar em terras tidas pelos espanhóis como pertencentes a Coroa
da Espanha, gerou reclamações do Vice Rei do Rio da Prata Nicolas de Arredondo,
bem como uma recriminação de parte do Governador da Província de São Pedro do
Rio Grande, marechal de campo Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, que
Rafael Pinto Bandeia respondeu ao primeiro e justificou-se junto ao segundo,
seu superior.
O estabelecimento da guarda de São João do Erval levou a
uma intensa troca de correspondências entre Pinto Bandeira, o Vice Rei do Rio
da Prada Nicolas de Arredondo, o Vice Rei do Estado do Brasil Conde de Resende e
o Governador da Província de São Pedro do Rio Grande Sebastião Xavier que por
esta época andava envolvido no processo demarcatório da fronteira, como
primeiro comissário português para tal fim.
Em 27 de fevereiro de 1792, em ofício ao Secretário de
Estado da Marinha e Ultramar em Lisboa, Martinho de Melo e Castro, Rafael Pinto
Bandeira da conta dos movimentos havidos na fronteira e o estabelecimento das
Guarda de São João do Erval, enviando juntamente cópias das correspondências
mantidas com o Vice Rei do Estado do Brasil, com o Vice Rei do Rio da Prata,
com o Governador da Província e com o segundo Comandante do Resguardo do Rio da
Prata, Manoel Cipriano de Mello.
Estes documentos manuscritos estão depositados no Arquivo
Histórico Ultramarino (AHU) em Lisboa e foram acessadas através do Projeto Resgate,
do Centro de Memória Digital, parceria da Universidade de Brasília com o AHU.
Estas correspondências, todas as que, de alguma forma,
fazem referência a guarda de São João do Erval, estarei publicando na pagina do
Face “Resgatando a História da Cidade Sentinela da Fronteira” e no Blog do
Javali do Herval, a começar pelo ofício encaminhado ao Secretário de Estado da
Marinha e Ultramar, datado de 27 de fevereiro de 1792. As demais publicações
seguirão a ordem cronológica de suas emissões.
Procurei manter a ortografia utilizada na época e aquelas
expressões que não me foi possível identificar, anotei com ?????.
Até o momento tenho compiladas cerca de 20
correspondências e ainda faltam mais algumas para examinar.
Próxima postagem: Ofício do brigadeiro Rafael Pinto Bandeira ao Secretario
de Estado e Ultramar, em Lisboa, informando do estabelecimento da guarda
militar nos serros do Erval.
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