Yara Laiz Souza
Comunicadora Científica, bióloga em formação. Twitter: @girlonscience YouTube channel: https://www.youtube.com/c/Ci%C3%AAnciaemPautaPorYaraLaizSouza
Em
algum momento da sua vida (ou em vári
os)
você já deve ter ouvido falar do HIV e da AIDS. Mesmo
com tantos avanços na medicina e informações por todos os lados, ainda há muito
estigma sobre a doença e, principalmente, em quem tem a doença. Descoberta no
início dos anos 80 e até mesmo sendo erroneamente conhecida como ‘doença dos
gays’, o HIV/AIDS ainda gera algumas dúvidas que precisam ser melhor
esclarecidas para uma educação plena sobre não ter preconceito.
Há
grandes indícios de que o HIV seja originário dos primatas. Há também os
relatos de práticas sexuais com esses animais logo no início do século XX. Este
contato fez com que mercadores de animais e caçadores fossem uns dos primeiros
infectados com um vírus fraco chamado de vírus da imunodeficiência símia (SIV),
que seria rapidamente suprimido pelo organismo humano. Entretanto, a rápida transmissão
desse vírus de pessoa para pessoa fez com que ele se desenvolvesse e virasse o
HIV.
O que o HIV?
É o vírus da imunodeficiência
humana ( human immunodeficiency virus — HIV). Este vírus é encontrado em fluidos sexuais como o líquido pré ejaculatório
e o líquido lubrificante vaginal além do sêmen, leite materno, sangue.
Na Biologia, acreditamos que
os vírus não sejam seres vivos. Seres vivos costumam ser classificados como
seres que fazem funções vitais como respirar, alimentar-se, ter células. Nos
vírus, estes comportamentos não são observados.
Todos os vírus são
classificados como parasitas obrigatórios dos seres vivos, ou seja, só
conseguem se produzir se infectarem um ser vivo. Os vírus são como uma
correspondência: o envelope seria uma junção de membrana lipídica e proteínas
que guardam o material genético do vírus ou o papel com a mensagem da nossa
correspondência. O correio seria o modo de infecção, que ocorre através de
contato vaginal, anal ou oral sem proteção e do compartilhamento de seringas
contaminadas. No caso de mães que amamentam, seus bebês podem se infectar
através do consumo do leite materno.
Os vírus, assim como nós, possuem um material
genético. Os animais, incluindo os humanos, possuem DNA e RNA. O DNA é
conhecido por guardar toda a nossa informação genética e o RNA é responsável
por sintetizar as proteínas para o nosso corpo. Os vírus possuem ou DNA ou RNA
como material genético; no caso do HIV, o material genético é o RNA.
O que é a AIDS?
É a síndrome da imunodeficiência adquirida
(acquired immunodeficiency syndrome — AIDS), ou seja, a doença que é adquirida através do vírus HIV. A AIDS praticamente tem sintomas que se
assemelham a outras doenças bastante populares como gripe. Também acompanha
mal estar, cansaço; logo, a pessoa nunca imagina que está com AIDS.
A doença ataca o nosso sistema imunológico nos deixando fracos e susceptíveis a
outras doenças.
Claro que até que a pessoa desenvolva de fato a
AIDS passa-se um longe período. Longo até demais. A infecção aguda é conhecida
como as primeiras semanas logo após a exposição ao vírus. Após duas semanas os
sintomas aparecem de forma bem comum com outras doenças — o que pode aparecer e chamar mais atenção são feridas na boca e/ou genitais além de erupções na pele
da região do tronco. Estes sintomas permanecem dentre uma a
duas semanas após surgirem.
Os
principais sintomas da AIDS — ou SIDA, sigla em português (Créditos: Wikipédia)
A latência clínica é a fase mais demorada: pode ir
de 3 a 20 anos de duração. Se a pessoa descobrir antes desse tempo todo passar,
as expectativas de vida podem subir bastante.
A AIDS é definida em alguém quando a contagem das
células Linfócitos T no sangue está abaixo de 200 células por microlitro de
sangue. O diagnóstico também pode ser feito pela observação de outras doenças
no paciente como pneumocistose, caquexia e candidíase.
E por que não há cura?
Não há nada de interesses Illuminatis ou de
qualquer teoria de conspiração. A cura da AIDS é complicadíssima — e vamos entender por que.
Os vírus só se reproduzem caso entrem em contato
com algum ser vivo. O HIV ataca vários tipos de células, principalmente os
Linfócitos T. A grande jogada do HIV é a forma como ele se reproduz dentro do
paciente.
Dentro do HIV, há o RNA e a transcriptase reversa,
uma proteína que ajuda o RNA, que é um material genético simples de uma fita
só, a se transformar numa dupla fita assim como o DNA.
RNA: fita
única; DNA: dupla fita. Com a ajuda da transcriptase reversa, o RNA do HIV fica
semelhante ao DNA (Créditos: SlideShare)
Quando o vírus entra em contato com uma célula, a
transcriptase entra em ação. O RNA ‘se fantasia’ de DNA para poder entrar na
célula sem ser notado. Assim, o RNA ‘fantasiado’ entra no núcleo de nossas
células e fixa-se em nosso DNA, em nossa carga genética que há todas as nossas
informações. Num piscar de olhos, a nossa célula se tornou uma máquina de fazer
novos vírus que vão infectar outras células da mesma maneira. É por isso que
não há cura: os pacientes ficam com seus materiais genéticos infectados com os
materiais genéticos dos vírus. Destruir o material genético do paciente não é
uma boa ideia.
Desde a descoberta, os esforços da Ciência em
tentar reverter e até curar a AIDS têm sido notáveis. A 21º Conferência
Internacional de AIDS, realizada ano passado na África do Sul, anunciou um
medicamento que impede a infecção do vírus através de vacinação tendo como foco
as pessoas mais vulneráveis. O remédio Truvada também vêm sendo apontado como
um método preventivo eficaz junto com a camisinha.
Em 2016, 18,2 milhões de pessoas começaram um
tratamento contra a AIDS, mesmo esse número ainda não representando nem metade
da população mundial infectada.
Prevenir não é só usar camisinha em suas relações:
é falar, ouvir, ajudar, não estigmatizar, ajudar a dar esperanças e entrar
nessa corrente contra a AIDS. Caso você tenha mais curiosidade, um passeio no
Google mostra links bem interessantes. Confira:
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