Se a reforma for aprovada, se prevê a criação imediata de 8 milhões de novos empregos.
A economia poderá entrar em recessão já a partir do segundo semestre do ano que vem se a reforma da Previdência não for aprovada, de acordo com a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Nas projeções do governo, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, seria inferior a 1%. Até 2023, a economia continuaria em trajetória recessiva, atingindo queda do PIB de 1,8%.
Caso nenhuma reforma fosse aprovada no horizonte de projeção, o crescimento anual do PIB tenderia a ser, em média, 2,9 pontos porcentuais menor nos próximos cinco anos em comparação com o cenário com a mudança das regras previdenciárias.
O documento, que mostra um quadro "dramático para o Brasil" sem a reforma, foi preparado para mostrar a importância da aprovação da proposta enviada, na última quarta-feira (20), ao Congresso Nacional.
O governo acredita que, com a reforma, o crescimento poderá saltar para 2,9% em 2019. A diferença de crescimento entre os dois cenários se concentra principalmente na hipótese de uma expressiva deterioração da atividade.
Para a SPE, o descontrole das contas públicas está na raiz da grave crise econômica pela qual o país vem passando. A deterioração fiscal é explicada principalmente pelo aumento dos gastos do governo com benefícios previdenciários. Na ausência de reformas estruturais, prevê a SPE, haverá cada vez menos espaço no orçamento para a manutenção de gastos públicos essenciais para o bem-estar da população (educação, saúde, segurança, saneamento) e a dívida pública inevitavelmente entrará em trajetória insustentável.
Governo diz que desemprego pode "voltar a bater recordes"
Após a melhora no mercado de trabalho no ano passado, a equipe econômica alerta que a taxa de desemprego pode voltar a bater recordes caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Uma nota informativa da SPE diz que a taxa de desemprego pode chegar a 15,1% em 2023 sem mudanças nas regras de aposentadoria e pensão no País.
Por outro lado, a aprovação da reforma poderia fazer esse índice cair a quase metade: 8,0%. Isso porque as alterações nas regras poderiam propiciar a criação de quase 8 milhões de empregos até 2023 — uma média de 1,33 milhão por ano. Esse potencial seria crescente, segundo as estimativas do governo.
Sem a reforma, a piora no mercado de trabalho seria efeito da recessão na economia brasileira, que também afetaria a renda per capita no País. Segundo a SPE, o custo da manutenção das regras atuais seria sentido pelos cidadãos.
Na ausência de reforma da Previdência, cada brasileiro receberia, em média, R$ 2,5 mil (o equivalente a 2,6 salários mínimos) a menos por ano nos próximos cinco anos. Esse custo (que usa como referência o PIB per capita a preços de 2018) tende a se elevar com o passar dos anos.
— Quanto mais a reforma da Previdência fosse postergada, maior seria o custo para a população brasileira — diz o documento.
Na ausência de reforma, cada brasileiro chegaria em 2023 R$ 5,8 mil mais pobre do que no cenário com a reforma aprovada.
Taxa de juros
Sem a reforma da Previdência, a taxa de juros subiria drasticamente para 18,5% em 2023, prevê a SPE do Ministério da Economia. Já com a reforma, a taxa Selic poderá chegar em torno de 5,6% ao ano em 2023.
O diagnóstico, sem as mudanças nas regras previdenciárias, prevê um cenário catastrófico para a dívida bruta do governo, que entraria em trajetória explosiva. Isso porque o principal canal de transmissão por meio do qual a deterioração fiscal reduz a atividade e renda é a variação da taxa de juros, que impacta o endividamento público. No cenário sem reforma, os indicadores fiscais piorariam consideravelmente: o resultado primário do setor público consolidado continuaria permanentemente deficitário. Já com a reforma, diferentemente, são gerados superávits a partir de 2021.
Na ausência de reforma, a dívida bruta do Governo Geral seguiria em trajetória explosiva, ao passo que, no cenário de reforma, sem considerar receitas extraordinárias, ela começaria a declinar a partir de 2021.
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