Imagem: Danilo Verpa/FolhaPress
O apoio é público e notório. A militância em favor do pré-candidato à presidência Jair Messias Bolsonaro está nas redes sociais, nos aeroportos e nas ruas. O número de apoiadores confessos do presidenciável nas redes sociais é expressivo: diversas fotos de perfil constam com seu nome e muitas com os dizeres “eu faço campanha de graça”.
Os vídeos de chegada do presidenciável aos aeroportos são inúmeros, e em cada vídeo há milhares de pessoas para recebe-lo – qualquer busca no YouTube pode comprovar isso. Os outdoors em apoio ao presidenciável, viabilizados por meio de vaquinhas voluntárias entre os organizadores, estão espalhados em várias cidades do Brasil.
Só no estado da Bahia, ao fazer uma rápida busca de imagens no Google, é possível encontrar outdoors inaugurados em nada menos que 20 municípios Baianos. Possivelmente a quantidade de outdoors deve ser bem maior.
Apenas na minha cidade (Manaus, Amazonas), eu já vi mais de 3 outdoors e um painel eletrônico, além de um passeio do “Bolsoneco” de 12 metros de altura pelo Rio Negro numa imensa balsa (confira). Esses números e fatos são interessantes.
Mas, partindo para uma visão financeira e de prática eleitoral, quanto será que vale em reais essa militância para o PSL de Bolsonaro? Cálculos estimam que a militância pró-Bolsonaro poderia valer em torno de 225 milhões de reais, considerando apenas a mão-de-obra dos apoiadores.
Essa estimativa leva em consideração uma despesa eleitoral que é bastante comum: a diária de apoiadores. A diária serve pra remunerar pessoas que farão o trabalho de distribuir material gráfico do candidato nas ruas, balançar bandeiras, acompanhar candidatos ligados ao presidenciável ou o próprio em caminhadas, pedir votos em semáforos, dentre outras atividades eleitorais diversas.
Pela legislação eleitoral, a diária desses apoiadores gira em torno de R$50,00 (considerando o salário mínimo, alimentação, transporte e encargos sociais). Além da diária, a estimativa calculada também leva em consideração duas outras variáveis: a quantidade de militantes pró-Bolsonaro engajados no Brasil e a quantidade de dias que eles podem trabalhar durante a campanha.
Todo candidato costuma ter uma quantidade de apoiadores voluntários que vestem a camisa da campanha e fazem esse trabalho sem cobrar. Mas os números do presidenciável Jair Bolsonaro parecem ser muito acima do normal, dado o forte engajamento que seus apoiadores demonstram.
Cálculos da estimativa de R$225 milhões
Além da diária de R$50,00, o cálculo leva em consideração outros dois números: uma estimativa da quantidade de militantes engajados pró-Bolsonaro no Brasil inteiro e a quantidade de dias que eles poderiam “fazer campanha de graça”, como frequentemente postam nas redes sociais. Vamos começar pelo segundo número.
Quantidade de dias de “campanha grátis”
Teremos 52 dias de campanha eleitoral em 2018, de 16 de Agosto até 06 de Outubro. Nesse período, serão 36 dias úteis e 16 dias não úteis.
Considerando que os apoiadores voluntários de Jair Bolsonaro possuem suas profissões e empregos, só poderiam portanto apoiar sua campanha no período da noite dos dias úteis e nos dias não úteis (sábados e domingos). Somando-se os 16 dias não úteis com uma fração (um período à noite) dos 36 dias úteis, teríamos um total aproximado de 30 dias de campanha que poderia ser realizada pelos voluntários.
Quantidade de militantes
A quantidade de militantes pró-Bolsonaro que estaria disposta a fazer campanha de graça precisa ser estimada. Para calcular estimativas é preciso considerar uma série de variáveis, premissas e comparações válidas.
Uma alternativa é se utilizar de um método não científico com premissas razoáveis, que consigam alcançar certo consenso geral. Utilizaremos aqui essa alternativa.
Por exemplo, Jair Bolsonaro apresenta em torno de 15% das intenções de votos nas pesquisas. Extrapolando esse número para todos os eleitores da última eleição que votaram (em torno de 100 milhões de pessoas), isso equivale a 15 milhões de potenciais eleitores do presidenciável.
É aqui que incluímos a premissa para o cálculo: digamos que apenas 1% desses eleitores decida fazer campanha de graça para Jair Bolsonaro. Nesse caso, teremos 150 mil voluntários que preencheriam as 30 diárias mencionadas acima.
A conta final
Como resultado, a conta segue assim: 150.000 (1% dos eleitores de Jair Bolsonaro) x 30 (dias não úteis de eleição) x R$50,00 (valor da diária), totalizando 225 milhões de reais em voluntariado para o presidenciável durante todo o período da campanha.
O grande desafio de Jair Bolsonaro seria então conseguir mobilizar, equipar e distribuir funções para esse 1% de seus eleitores engajados, algo possivelmente a ser analisado pela sua equipe de campanha.
A julgar pelo que se observa nas redes sociais, nos aeroportos, nos adesivos de carros, nas pessoas literalmente vestindo a camisa de Bolsonaro nas ruas, nos outdoors e nos painéis eletrônicos, todos em favor de Jair, acredito que a proporção desse tipo de engajamento voluntário pode ser muito maior que 1% dos seus eleitores.
Por exemplo, se esse número eventualmente alcançar 10% dos eleitores de Jair, esse valor de voluntariado alcançaria mais de R$2 bilhões.
Parece-me um vultuoso recurso eleitoral, se bem utilizado. E nenhum outro candidato possui um engajamento voluntário sequer parecido com o de Jair Bolsonaro, ao que tudo indica.
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