Rua XV de Novembro em 1920. Foto Original: Carla Hernandez |
Origens de Herval –
Parte 5
Rubens Machado
Cópia da Carta ao Comandante do Rio Grande de
São Pedro, Brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, enviada pelo Vice-Rei do Rio da
Prata, Nicolas de Arredondo, contestando a instalação da guarda portuguesa nos
serros do Erval. Esta cópia, juntamente com outras correspondências trocadas
por Pinto Bandeira com autoridades portuguesas e espanholas, a cerca da questão
da fronteira, foi enviada por ele ao Secretário de Estado da Marinha e
Ultramar, em Lisboa, Martinho de Melo e Castro, em 27.02.1792.
Na carta, Nicolas de Arredondo faz referência
ao encontro ocorrido no mês de abril (1791) entre Pinto Bandeira e o 2º
comandante do Resguardo do Rio da Prata, Manuel Cipriano de Melo, nos serros do
Erval, local onde Pinto Bandeira estabeleceu a guarda poucos dias depois.
De fato, conforme correspondências examinadas
(algumas já postadas aqui), nos dias 2 e 3 de abril de 1791, destacamentos
militares espanhóis e portugueses, comandados respectivamente por D. Manuel e Pinto
Bandeira, acamparam nos serros do Erval. Na oportunidade houve troca de correspondências
entre os dois comandantes, sobre questões rotineiras de patrulhamento da
fronteira e da faixa de terras em litígio.
Talvez, em razão de conferências pessoais entre
os dois comandantes, Pinto Bandeira tenha desconfiado das intenções dos
espanhóis. O certo é que pouco depois ele toma a decisão de estabelecer uma
guarda no local, isto em fins do mês de abril, procedimento contestado pelo
Vice Rei do Rio da Prata.
Carta do Vice-Rei do Rio da Prata para Rafael Pinto Bandeira, em 21 de
julho de 1791
Hé llegado ã entender, que de poco tiempo â esta
parte se hâ estabelecido por ese govierno
una guardia cerca del parage, em que D.
Manuel Cipriano de Melo comisionado por mi para reconocer, y celar los campos,
conferenciô com V.S. em abril de este año, y pobladose das estancias en sus
immediaciones transpaçando el Arroyo Piratini, que por las dos confrontaciones
san manifiestas, com que lo señala el articulo 4º del Tratado se há pertendido
por el comisario español de la demarcacion, que sirva de limite à los domínios
de Portugal.
Com este motibo se me ha hecho ver por los
planos de la misma Demarcacion y oficioz, conque se remetieron, que en tiempo
de ella, y despues de celebrado el tratado se havian ido ploblando los subditos
de ese Govierno nesta ??? de Arroyo Piratini.
No es mi intento entrar ahora em discusion
sobre si este Arroyo debe, ô no servir de limite â los dominios de Portugal,
pues este punto está yá competentemente ventilado, asi por los respectibos
comisarios de ambas naciones, como por este superior govierno, y el del
Janeiro; y su decision pende unicamente de las Cortes, pero tam pouco puedo
mirar con indiferencia, ni consentir con mi silencio, que interin se reciben las
resoluciones de Nuestros Augustos Soberanos se adelantem tales
establecimientos, y aun el que se hay an formado em qualquier tiempo posterior
al recibo del tratado quando las indicadas circunstancias del Piratini debieron
precisamente dejar, à lo menos en duda, a los vasallos portuguezes de ser el
Arroyo, de cuyo limite no pueden excederse segun lo estipulado por el citado
articulo 4º.
Em esta atencion, parecen tales
adelantamientos de posesiones nada conformes a la pronta disposicion, conque
debem mantenerse unos, y otros vasalos de observar lo que huviesen convenido
los Soberanos en el tratado, y lo que se sir viersen acordar en ordem à las
disputas ocurridas sobre su inteligencia.
Por lo mismo, y bien satisfecho de la
dedicacion de V.S. à cumplir las resolusiones S.S.M.M., me prometo, que hará
evacuar, como formalmente se lo pido, asi la citada guardia, como los demas
establecimientos, que hayan hecho sus subditos em los terrenos disputados,
seguro deque mi intencion no há sido, ni será acuparlos aun quando lo
considerase necesario para el buen efecto de las providencias, conque debo
celar los que pertenecen sin contradiccion al distrito de mi mando.
Dios guarde a V.S. Buenos Ayres, 21 de julio de 1791.
Nicolas de Arredondo
Fonte: AHU-Projeto Resgate-CMD/UnB
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