ALMA GAUDERIA
(Albeni carmo de oliveira)
(Albeni carmo de oliveira)
Dos tempos que já passaram Das andanças que eu fazia, Vivi horas de alegria Que nunca vou esquecer. E não é fácil descrever Os lugares que passai, Mas de todos lembrarei Até a hora de morrer. E talvez após a morte Fim desta viagem gaudéria, Minha alma sem matéria Percorra todo o rincão. Não vou ser assombração `'ra não assustar ninguém, Só quero cuidar, do além As coisas da tradição. Quero reencarnar sem maldade Na mente de um trovador, Para mostrar o valor Do poeta não letrado E fazer verso rimado Ao som da gaita e violão, P'ra mostrar que a tradição Não morre no meu estado. Assim esta minha alma Viverá sempre contente, Bebendo água em vertente Nas cacimbas lá de fora E quando romper a Aurora, Quero andar na invernada Cantando e dando risada No tilintar de uma espora. Quero lá de vez em quando N'algum fandango chegar. Ver todo mundo dançar Com luz fraca de lampião, E uma gaita de botão Num xote velho largado Desses que é sempre tocado Em surungos de galpão. Se no final do surungo Alguém se desentender, Aí é que quero ver A destreza do peão Pois para não ir ao chão Tem que ser mui destemido, Quero até ser o tinido Da folha de algum facão. Mas não quero ver jamais Alguém correndo com medo, Pois aí está o segredo Da velha raça caudilha, Eu quero ser a presilha De um laço bem trançado Quero ver ser conservado Os ideais farroupilhas. Se o bom velho permitir Que eu reencarne em outro corpo, Quero servir de conforto P'ra alguma china manheira, E voltar lá na mangueira P'ra montar potro sem freio Enfim, estar num rodeio Ou festa de domingueira. ![]() Assim minha alma xucra Estará sempre presente, Nas coisas da nossa gente Guardadas com devoção E quando por este chão Surgir algo diferente, Eu quero surgir na frente Repontando a tradição. |
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