É um dado que surpreendeu o prefeito Ildo Roberto Lemos Sallaberry (PP), que apesar de ser engenheiro e portanto, “acreditar em estatísticas”, desconfia da informação.
- Nós andamos por todo o município, conversamos com muita gente e a nossa sensibilidade é que não é essa a realidade - pondera, antes de dizer que está pedindo uma revisão do estudo.
Segundo o IBGE, o número médio de moradores por domicílios é de 3,3 em todo o Brasil, mas os pesquisadores observaram que este número reduz de acordo com a renda per capta, tanto em áreas urbanas como em zonas rurais. Entre as pessoas que ganham até 1/8 do salário mínimo, o número médio de moradores por endereço foi de 4,9, enquanto que famílias com faixa salarial de mais de 10 salários mínimos a população por domicílio se reduz para 2,1. Este comportamento foi observado em todas as regiões, tanto nas áreas urbanas como nas rurais.
Esta pode ser uma das explicações para a liderança gaúcha neste ranking, mas os habitantes da cidade apontam outros motivos.
Um deles está relacionado às principais atividades econômicas da região – a agricultura e a pecuária. Ocorre que é comum que o marido ou os filhos de uma família saiam para trabalhar nas estâncias e deixem as mães morando na cidade – para onde voltam aos finais de semana.
Mesmo que não seja para trabalhar nas fazendas do município, muita gente deixa o Herval para buscar emprego nas cidades grandes vizinhas. Pelotas, por exemplo, fica a 126 quilômetros de distância.
Foi o que aconteceu com os irmãos de Jussara Pires Nunes, 62 anos. Natural da cidade, ela foi das poucas pessoas da família que permaneceu na cidade. Sem filhos, desde que deixou o companheiro, há sete anos, mora sozinha no seu apartamento.
- As pessoas acham que morar sozinho é sinônimo de tristeza. Eu nunca me sinto só: tenho muitos amigos que vem tomar chimarrão comigo todos os dias. Se eu não abro a persiana até às 10h da manhã, eles começam a ligar querendo saber se está tudo bem - relata.
É o mesmo sentimento que tem o contabilista Fabrício Bubols Falconi, 28 anos, que há dois ocupa uma casa ao lado da de sua mãe. O rapaz havia deixado a cidade em 1999 para cursar a faculdade em Rio Grande – o polo naval também fica bem próximo do Herval, a aproximadamente 150 quilômetros de distância.
- Depois de viver 10 anos fora, sozinho, é muito difícil voltar a compartilhar o mesmo teto com o restante da família. Como essa casa estava desocupada, acabei ficando por lá - explica ele, que conquistou uma vaga no setor de contabilidade da prefeitura municipal.
E na medida em que a cidade não possui nenhuma instituição de ensino superior, a experiência de Fabrício é repetida cada vez mais pela população jovem do local.
Aliás, é por isso – e não é por ter a mãe ao lado – que Fabrício não se sente só.
- Se você vai a um bar sozinho, em cinco minutos está na mesa de alguém, pois em cidade pequena todos se conhecem. É muito diferente de morar sozinho em um grande centro - observa.
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