sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Origens do Herval - Parte 1
Rubens Machado
Herval tem sua mais remota origem na guarda militar portuguesa estabelecida nos serros do Erval por ordem do Brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, comandante militar e governador interino da Província de São Pedro do Rio Grande. Isto no ano de 1791, mais precisamente no mês de abril. Tinha a referida guarda a incumbência de impedir o avanço dos Espanhóis até o Rio Piratini, tido por estes como o marco divisório entre as possessões das duas Coroas nesta porção do continente Sul-Americano. 
Decorridos 10 anos, quando a guarda foi transferida para a região da atual Jaguarão já existia no local um arranchamento cujos moradores eram basicamente ex-militares e suas famílias e habitantes das redondezas que buscavam a proteção daquele destacamento militar.
Após a saída da guarda, o proprietário das terras onde se assentava a povoação, Antônio Rodrigues Barcelos, requereu a devolução das mesmas, quando, então, um grupo de moradores capitaneados por Bonifácio Jose Nunes constituí uma sociedade que adquire o terreno junto ao dito Barcelos, destinando-o a manutenção e expansão do povoado. Por este fato, Bonifácio José Nunes é considerado o fundador do Herval.
Mas, voltando à guarda militar: O estabelecimento de um acampamento militar em terras tidas pelos espanhóis como pertencentes a Coroa da Espanha, gerou reclamações do Vice Rei do Rio da Prata Nicolas de Arredondo, bem como uma recriminação de parte do Governador da Província de São Pedro do Rio Grande, marechal de campo Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, que Rafael Pinto Bandeia respondeu ao primeiro e justificou-se junto ao segundo, seu superior.
O estabelecimento da guarda de São João do Erval levou a uma intensa troca de correspondências entre Pinto Bandeira, o Vice Rei do Rio da Prada Nicolas de Arredondo, o Vice Rei do Estado do Brasil Conde de Resende e o Governador da Província de São Pedro do Rio Grande Sebastião Xavier que por esta época andava envolvido no processo demarcatório da fronteira, como primeiro comissário português para tal fim.
Em 27 de fevereiro de 1792, em ofício ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar em Lisboa, Martinho de Melo e Castro, Rafael Pinto Bandeira da conta dos movimentos havidos na fronteira e o estabelecimento das Guarda de São João do Erval, enviando juntamente cópias das correspondências mantidas com o Vice Rei do Estado do Brasil, com o Vice Rei do Rio da Prata, com o Governador da Província e com o segundo Comandante do Resguardo do Rio da Prata, Manoel Cipriano de Mello.
Estes documentos manuscritos estão depositados no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) em Lisboa e foram acessadas através do Projeto Resgate, do Centro de Memória Digital, parceria da Universidade de Brasília com o AHU.
Estas correspondências, todas as que, de alguma forma, fazem referência a guarda de São João do Erval, estarei publicando na pagina do Face “Resgatando a História da Cidade Sentinela da Fronteira” e no Blog do Javali do Herval, a começar pelo ofício encaminhado ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, datado de 27 de fevereiro de 1792. As demais publicações seguirão a ordem cronológica de suas emissões.
Procurei manter a ortografia utilizada na época e aquelas expressões que não me foi possível identificar, anotei com ?????.
Até o momento tenho compiladas cerca de 20 correspondências e ainda faltam mais algumas para examinar.

Próxima postagem: Ofício do brigadeiro Rafael Pinto Bandeira ao Secretario de Estado e Ultramar, em Lisboa, informando do estabelecimento da guarda militar nos serros do Erval.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Javali Hervalino completa 20 anos.

 Em junho de 2022 o personagem das charges do jornal O Herval, javali Hervalino completou 20 anos de existência,  Paulinho é colaborador há ...